Diário do, mais ouvido destes dias, "contacto de alto risco"

28 de Dezembro de 2021

Um dia normal de uma professora de férias e em altura de covid, a trabalhar em casa e com uma reunião às 10h com todo o pedagógico no quadrado a que chamamos de portátil. Uma chamada sobre alunas seguidas pela CPCJ e psicóloga escolar para acompanhar a manhã. E tudo seguida normal, dentro dos dias de hoje. 
Entre mais uma discórdia amorosa, coisa anormal para uns e normal para mim, uns amuos de homem e umas faltas de conversa ou ações de como se ninguém na casa estivesse. Houve algo mais forte para quebrar esta chata chatice. Um caso positivo desta doença da moda que todos estão fartos, mas que ninguém larga da boca. Pois é, um caso positivo e na família. 
Na ceia de Natal todos negativos, a enfermeira do momento (eu) pegou em auto-testes, que para muitos designa-se como "negócio do Estado", e tudo estava negativo. Passámos um momento em família, em que chegaram mais família (os não testados) e daí surgiu a nossa dúvida. Foi nestes familiares, que um acusou ser vítima deste amigo que um dia será de todos, o Covid.
Assim sendo, e continuando, a nossa Terça-Feira passou a ser minimamente estranha. Bora pagar mais uns testes, que passaram de 2,79 euros a ser 3 e poucos, a enfermeira em ação de novo. Tudo negativo, mas... sem contar com o meu querido namorado. Constipado e dores no corpo, e mais uma vez o discurso "isto não é nada, são sintomas de uma gripe". Pois, só não desta vez! É covid e comprovado por dois "negócios do Estado". 
Por decisão, teimosa, mas hoje vista como consciência na altura em que estamos de eventos e de grande afluência à Saúde 24, marcámos e conseguimos ter um espaço na Farmácia mais próxima e com vaga. Fomos, com o intuito de viajantes para a passagem de ano (ou não) e conseguimos, os dois, realizar um teste verdadeiro, sem fazer de conta que sou enfermeira. Isolados de todos e sem movimentos ou proximidades passamos pelo nosso último desejo alimentar, e de fast food, antes isolar se o resultado for aquele que todos temos receio de ter.
A caminho e com o cheiro a comer, a salivação a aumentar, a pressão em altas de saber o resultado e tudo à mistura dá uma viagem cheia de conversa boa em que o som de fundo é o silêncio.
Um transito do final do dia e chega o resultado, uma curva feita à pressa para uma observação atenta ao e-mais e, sim, um positivo. Eu não!
Nada mais havia a fazer, só mesmo ligar à família e dizer a passagem de ano já foi para ajuntamentos, este ano é em casa e com distanciamento que é o que está na moda!
Tudo notificado, todos em casa e a alimentar e diminuir a salivação e pensar "O que vamos fazer agora?".
- "Tu no quarto e eu na sala" 
- " Tu usas, desinfetas"
- "Eu cozinho, sirvo, lavo e arrumo"
E assim foi a casa a passar a cheira a lixívia, em vez de perfumada. Uns lençóis lavados para o sofá e a noite começou assim com uma video-chamada para o quarto do lado e terminou com a video-chamada para dizer ao vizinho do quarto "Boa noite".
Amanhã será um novo dia, uma nova realidade.

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