Dia 1 - Diário do, mais ouvido destes dias, "contacto de alto risco"
29 de Dezembro de 2022|
Bummm... Começa a confusão e o pico de toda a afluência à saude24, às farmácias, aos centros de saúde e hospitais. Nós aqui em casa, e na primeira pessoa, podemos afirmar que estávamos no meio. Ao ponto de adormecer a ligar para a saúde 24.
Sim, é verdade, não é fácil entrar em contato com o sistema de saúde nestes dias caóticos e festivos! Quando vimos as notícias e ouvimos que os doentes deste mal não conseguem o contacto do delegado de saúde ou enfermeiro ou quem seja o responsável achamos triste ou até pomos em causa a notícia. Agora quando passamos a ser os tais doentes que essa notícia fala, é quando percebemos o quanto é grande e desorientador não termos quem nos diga como é o isolamento, os documentos que são necessários preencher para enviar a entidades patronais, quantos dias ficamos isolados e quem são os chamados contactos diretos de um positivo ao covid. Tudo isto entre divisões da casa, entre saídas e entradas de comer no quarto isolado. Tudo isto entre a varanda, que temos a sorte de ter para apanhar ar e " sair de casa".
- Vamos fumar? - pergunta ele pela primeira vez
- Vamos ! - respondi eu, sem hesitar e sem fumadora ser.
Pensei neste momento que éramos sortudos em poder sair das 4 paredes, e mesmo com o distanciamento entre nós, estarmos "juntos" nesta fase (uma das coisas que o isolamento nos fez valorizar!). Ele na cadeira a meio da varanda e eu na ponta sentada no chão a conversar como dois vizinhos sobre o que fazer e como perante este "desprezo" incomodativo de quem sabe ou tenta saber do dito isolamento.
E, assim, passou a ser rotina, depois do pequeno almoço preparado, levado ao quarto numa bandeja, comido, cada um no seu canto, apanhado a loiça suja da minha comida e do quarto isolado do vizinho, meu namorado, e lavados e desinfetado, lá íamos nos para o café e o cigarro aquecido na varanda. Passou a ser rotina em cada momento do seu cigarro, a ser o meu momento de o ver e falar.
Este isolamento não começou bem, primeiro por me sentir sem bases do que fazer, como contacto direto, depois como namorada, a impor alguma segurança de desinfecção e cuidado com a minha saúde, e como namorada, que precisa de ser forte e de dar força a quem está isolado da casa e em 4 paredes de um quarto. Quando digo que começou mal, porque ele estava em negação no 1o dia e achar ridículo toda a desinfecção, que era paranóia minha isto ser assim. Mas o que fazia, era o que todas as pessoas à minha volta diziam para fazer e que diziam ter feito.
Talvez, eu, por preocupação com tudo e muito, por desorientação de não ser contactada por ser o que todos chamava e me diziam ser "o contacto direto". E, talvez ele, por toda a negação ao covid e a ser ele o resultado positivo e fechado entre as 4 paredes. Mas com mais certeza, de talvez os dois, por estas razões causou discussão! E das boas, logo no primeiro dia de isolamento. Em que quando acabou toda a "agressão" pensei, e não devo ter sido a única, não vai dar certo!
Finalmente, um contacto, uma enfermeira que orientou o namorado e toda a sua documentação e nos disse: "a sua namorada é que tem de ligar para a saúde 24"! E aqui pensei, "eu?". Mas não é suposto haver um interrogatório ao positivo sobre os seus contactos e, após isso, haver um contacto ao indicados? Pois, isso, pelos vistos, era em dias normais, não em dias entre o Natal e a passagem de ano. Enfim, após passar o dia com o telemóvel a ouvir a gravação da saúde 24 para ajudar o namorado, passei a ligar para mim. E isso foi mais fácil, não porque falei com alguém, mas porque uma gravao automática definiu-me como "contacto de alto risco" e me originou desse contacto 3 mensagens. Uma com os códigos do PCR, outra com os locais onde fazer e uma última a indicar que iria ter uma declaração provisória de isolamento.
Mais uma aventura, do dia, marcar PCR! Analista cheias por causa da passagem de ano e sem vagas para a atual semana. Com a ajuda de uma colega consegui um teste para a semana asseguir, para 4a. Feira e em Coruche. É de loucos! Primeiro, por não haver vagas, depois por em Marinhais e Salvaterra estar lotado e, por último, que para fazer a análise precisa no momento tinha que ir para longe. Entretanto e com a ajuda de outra colega, liguei para Benavente (mais perto) e consegui, não para a semana atual, mas para mais cedo, 2a. Feira. Melhor, será em Benavente.
Portanto o nosso primeiro dia resumiu-se a tentar ajuda e que nos atendessem.
Entre chamadas para a chefe a dar a notícia, tentativas de marcação PCR, vídeo-chamadas com o vizinho do quarto para saber como estava e ao mesmo tempo fazer companhia e com a família para me fazerem companhia a mim, consegui desinfetar e lavar o que havia a lavar, estender roupa e trabalhar (continuava em teletrabalho). Adotei o pensamento de gosto de ajudar e estar disponível ao namorado, a ser uma fase de aprendizagem em conjunto, a acontecer tudo por uma razão e está era para termos tempo para nós os dois e que nós temos um ao outro para todas as fases da vida. Mais uma aprendizagem do isolamento! Talvez tenha sido este pensamento que me tenha dado calma e a estarmos o final do dia sem discutir e a falar bem.
Meia noite e, eu, a receber a declaração definitiva do isolamento. Só me lembro de abrir o olho, deitado entre os lençóis na minha nova cama (o sofá) e ver que tinha dados para inserir e não ser capaz e adormecer.
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