Perda, que não vem só, mas acompanhada pela dor!
Dias com pouca luz, dias em que o ideal seria fechar os olhos para não ver e não ter que lembrar de algo que não queremos lembrar. São estes os dias que existem e que preferiamos não dar por eles. São dias difíceis e com uma dor insuportável, uma dor que não se deseja àquele que mais mal nos faz, são dias em que o som é longínquo e que o sossego é o melhor amigo. Tenho dias destes, passo por eles todos os anos, não os gosto de ter, mas obrigaram-me a viver com eles.
Existe uma dor, com pouca explicação, mas que por ser tão grande, chega-se ao ponto de sentir inveja de quem não a tem. Dor que não passa, por os anos passarem, mas que por os anos passarem, a dor permanece mais em nós. Existe o contexto, usado pelo povo, de que "o tempo cura tudo". Cura feridas na pele, paixões que deixam de o ser, amores que não são os verdadeiros, mas a dor não cura, seja ela qual for. Com o tempo, os dias escuros não passam a ser belos, não trazem milagres, nem pessoas de volta até nós. Pessoas que nos abraçam com uma forca jamais esquecida, que nos tratam como ninguém mais pode tratar, pessoas com o dom de ajudar e com o objetivo de ser quem nós merecemos ter na vida. Pessoas que por mais fieis, dignas e sinceras, não deixam de ser levadas injustamente e na hora errada. Estas, o tempo não traz, e a dor destas, ele não cura.
Inicio de uma mensalidade dura nos meus dias de vida, são estes os dias que passei que me deixam a marca de uma dor incurável, uma dor que por tao grande que é, não ha fortaleza de feitio que a esconda. Passei e voltarei a passar por dias, como os que atravessei agora, que o mundo para nós não pode ficar a saber de o aperto, que esta dor faz. São, estes, os dias em que tudo ao nosso redor está melhor, e que só a nós o mundo desaba.
O povo refere "não merecia este final e nesta altura", mas a verdade é que foi a essas pessoas que o final bateu à porta. E é às pessoas dessa pessoa, que a magoa fica e a sensação de que ficou algo por dizer as acompanha até ao final de cada uma delas.
O quarto dia do mês 5, à uns anos seria momento para rir, abraçar, festejar, contar andotas e abrir presentes, mas para uns isso acabou. Acabou, não, por não haver dinheiro. Não acabou por não haver tempo, ou por haver caminhos diferentes. Acabou porque lhe decidiram dar um outro significado. Significado de saudade,perda e tristeza. Tristeza, por não poder dizer "feliz aniversário", "que contes muitos ao meu lado", ou "adoro-te". Tristeza, por chegar a casa e só ter fotografias para me lembrar das imagens que a memória desfigura com o passar do tempo. Tristeza, por só haver um tipo de prenda e local para a oferecer. Sinto saudade, de me sentir a verdadeira princesa de um homem só. Sinto saudade dos momentos de cócegas, que agora já não existem, por tanta cócega me ter sido feita. Sinto saudades do apoio incondicional, em qualquer decisão minha. Sinto saudades dos momentos em que só ficava eu, tu e o teu uísque na sala a ver os teus programas favoritos. Saudades do habito que tinha de meter as minha pernas, por estar deitada no sofá, sobre as tuas que estavas sentado, adormecer e acordar com os teus saltos e gargalhadas a assistir a uma comédia ou aos filmes portugueses que também adoravas. Sinto saudades do filme que assistia contigo, com um olho fechado e outro aberto, sobre o 25 de Abril. Sinto saudades tuas!
Perdi-te na pior altura de uma adolescente, perdi-te na altura de grandes decisões, talvez as mais difíceis. Perdi-te para crescer como mulher, irmã e filha. Tive que crescer e ver os meus dias com diferente expetativa.
Poderei ser chamada de vítima, por todos os meus dias, chegar à frente e dizer que cresci pela tua partida, que a vida não é justa e que amanhã poderei não ver mais o sol a brilhar no céu. Sou vitima, sim! Sou vítima da vida. E, como eu, infelizmente, existe mais seres humanos. Serei vítima, por todos os meus passos reflectirem a tua perda, ou a falta que me fazes. Serei, sim, vítima, por querer hoje fazer o que amanhã, talvez, farei. Que me chamem de vitima, por não passar um dia sem sentir a tua falta, que me chamem de vitima por querer aproveitar o que tu não podeste.
A perda é injusta, mas fez-me crescer e continua a faze-lo, pois o dia quatro presiste em não ser de alegria, mas de injusta perda. Não bastava a dor de sentir a falta de alguém essencial, como também, existir a perda de um grande homem na nossa terra. Um homem que lutava pela ajuda de quem não pode falar e gritar " tenho fome", como um mendigo pode gritar. Um homem que ajudava o seu amigo e o mundo se podesse. Um homem, que pouco conhecia, mas que conhecia o suficiente para admitir, que não merecia esta partida e esta doença. Uma doença que todos receiam, mas que quando bate à porta, a janela por mais que se feche, e o som se apague na casa, entra sem ser convidada e instala-se como novo inquilino na vida. Com 34 anos, a doença instalada no órgão principal para a respiração, ficou inquilina até ao último dia, o dia 4 de Maio. Para, este homem, que para todos estendia a mão e sorria, o fim chegou. A multidão juntou-se e de mãos dadas, hoje te levaram ao local que passará a ser o único, onde o único tipo de presente te poderá ser entregue.
Novamente, a perda apoia-me a seguir o meu caminho, a ser uma mulher mais crescida, a tomar decisões mais maduras e não querer parar, porque para parar será no dia do meu fim. Novamente, a vítima refere que não é vítima de intenções, mas sem intenção, vítima de não desistir de viver os dias como os últimos e viver a oportunidade dada de hoje respirar, andar, ouvir, rir e ver o belo e redondo mundo que temos.
Existe uma dor, com pouca explicação, mas que por ser tão grande, chega-se ao ponto de sentir inveja de quem não a tem. Dor que não passa, por os anos passarem, mas que por os anos passarem, a dor permanece mais em nós. Existe o contexto, usado pelo povo, de que "o tempo cura tudo". Cura feridas na pele, paixões que deixam de o ser, amores que não são os verdadeiros, mas a dor não cura, seja ela qual for. Com o tempo, os dias escuros não passam a ser belos, não trazem milagres, nem pessoas de volta até nós. Pessoas que nos abraçam com uma forca jamais esquecida, que nos tratam como ninguém mais pode tratar, pessoas com o dom de ajudar e com o objetivo de ser quem nós merecemos ter na vida. Pessoas que por mais fieis, dignas e sinceras, não deixam de ser levadas injustamente e na hora errada. Estas, o tempo não traz, e a dor destas, ele não cura.
Inicio de uma mensalidade dura nos meus dias de vida, são estes os dias que passei que me deixam a marca de uma dor incurável, uma dor que por tao grande que é, não ha fortaleza de feitio que a esconda. Passei e voltarei a passar por dias, como os que atravessei agora, que o mundo para nós não pode ficar a saber de o aperto, que esta dor faz. São, estes, os dias em que tudo ao nosso redor está melhor, e que só a nós o mundo desaba.
O povo refere "não merecia este final e nesta altura", mas a verdade é que foi a essas pessoas que o final bateu à porta. E é às pessoas dessa pessoa, que a magoa fica e a sensação de que ficou algo por dizer as acompanha até ao final de cada uma delas.
O quarto dia do mês 5, à uns anos seria momento para rir, abraçar, festejar, contar andotas e abrir presentes, mas para uns isso acabou. Acabou, não, por não haver dinheiro. Não acabou por não haver tempo, ou por haver caminhos diferentes. Acabou porque lhe decidiram dar um outro significado. Significado de saudade,perda e tristeza. Tristeza, por não poder dizer "feliz aniversário", "que contes muitos ao meu lado", ou "adoro-te". Tristeza, por chegar a casa e só ter fotografias para me lembrar das imagens que a memória desfigura com o passar do tempo. Tristeza, por só haver um tipo de prenda e local para a oferecer. Sinto saudade, de me sentir a verdadeira princesa de um homem só. Sinto saudade dos momentos de cócegas, que agora já não existem, por tanta cócega me ter sido feita. Sinto saudades do apoio incondicional, em qualquer decisão minha. Sinto saudades dos momentos em que só ficava eu, tu e o teu uísque na sala a ver os teus programas favoritos. Saudades do habito que tinha de meter as minha pernas, por estar deitada no sofá, sobre as tuas que estavas sentado, adormecer e acordar com os teus saltos e gargalhadas a assistir a uma comédia ou aos filmes portugueses que também adoravas. Sinto saudades do filme que assistia contigo, com um olho fechado e outro aberto, sobre o 25 de Abril. Sinto saudades tuas!
Perdi-te na pior altura de uma adolescente, perdi-te na altura de grandes decisões, talvez as mais difíceis. Perdi-te para crescer como mulher, irmã e filha. Tive que crescer e ver os meus dias com diferente expetativa.
Poderei ser chamada de vítima, por todos os meus dias, chegar à frente e dizer que cresci pela tua partida, que a vida não é justa e que amanhã poderei não ver mais o sol a brilhar no céu. Sou vitima, sim! Sou vítima da vida. E, como eu, infelizmente, existe mais seres humanos. Serei vítima, por todos os meus passos reflectirem a tua perda, ou a falta que me fazes. Serei, sim, vítima, por querer hoje fazer o que amanhã, talvez, farei. Que me chamem de vitima, por não passar um dia sem sentir a tua falta, que me chamem de vitima por querer aproveitar o que tu não podeste.
A perda é injusta, mas fez-me crescer e continua a faze-lo, pois o dia quatro presiste em não ser de alegria, mas de injusta perda. Não bastava a dor de sentir a falta de alguém essencial, como também, existir a perda de um grande homem na nossa terra. Um homem que lutava pela ajuda de quem não pode falar e gritar " tenho fome", como um mendigo pode gritar. Um homem que ajudava o seu amigo e o mundo se podesse. Um homem, que pouco conhecia, mas que conhecia o suficiente para admitir, que não merecia esta partida e esta doença. Uma doença que todos receiam, mas que quando bate à porta, a janela por mais que se feche, e o som se apague na casa, entra sem ser convidada e instala-se como novo inquilino na vida. Com 34 anos, a doença instalada no órgão principal para a respiração, ficou inquilina até ao último dia, o dia 4 de Maio. Para, este homem, que para todos estendia a mão e sorria, o fim chegou. A multidão juntou-se e de mãos dadas, hoje te levaram ao local que passará a ser o único, onde o único tipo de presente te poderá ser entregue.
Novamente, a perda apoia-me a seguir o meu caminho, a ser uma mulher mais crescida, a tomar decisões mais maduras e não querer parar, porque para parar será no dia do meu fim. Novamente, a vítima refere que não é vítima de intenções, mas sem intenção, vítima de não desistir de viver os dias como os últimos e viver a oportunidade dada de hoje respirar, andar, ouvir, rir e ver o belo e redondo mundo que temos.
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